O parlamento deve representar todos os portugueses, mas “em termos de jovens está claramente sub-representado”. Este é o reparo que Bernardo Blanco, faz em relação às faixas etárias dos deputados presentes na Assembleia da República.

Bernardo Blanco pertence ao Partido Iniciativa Liberal (IL) e foi eleito pelo círculo eleitoral de Lisboa. Atualmente, integra a comissão de assuntos europeus e comissão de ambiente e energia.

Sub-representação dos jovens no parlamento

O deputado da IL, um dos mais jovens na AR, reconhece que “qualquer geração tem uma perspetiva diferente das coisas” e que as suas preocupações e rotinas não são as mesmas das de um deputado mais velho.

Devido a essas diferenças e “se o parlamento é plural e é representativo da sociedade, convém nós termos esses vários grupos da sociedade aqui [na AR] presentes”. Contudo, verifica que nos últimos anos não entrou outra geração de políticos que venha representar o grupo etário mais jovem, cerca de 1/3 da população portuguesa.

Mudança vs. Estabilidade

Para Bernardo Blanco, um partido novo é um sinal de mudança. O pensamento do eleitorado pode ser: “Estes tipos são novos, estes tipos são diferentes, estes tipos trazem novas políticas”, mas fica a pergunta: “Isto é bom ou é mau?”

Na opinião do deputado, depende da fase da vida das pessoas. Acredita que uma população mais envelhecida  privilegie a segurança e estabilidade em relação a mudanças e que seja mais difícil um partido novo como a IL chegar a estas pessoas ou a outras mais dependentes do Estado. 

Já em relação aos mais jovens, acredita que nesta era da informação e dos Erasmus “estão muito mais abertos à mudança, estão mais inconformistas e têm menos probabilidade (…) de se contentar com o ‘poucochinho’ que temos hoje.”

Ainda assim, considera que a entrada de novos partidos no parlamento português é rara e difícil devido a uma “cultura política imóvel”. Embora nos últimos 6 anos tenham entrado 4 novos partidos na AR, aponta que tal nunca tinha acontecido nesta dimensão nos últimos 50 anos.

O passado político como referência atual

Os políticos atuais têm referências dos políticos passado. No caso do deputado da IL, apesar da diferença da realidade cultural, essa referência é Ronald Reagen, presidente dos Estados Unidos nos anos 80.

Reconhece que soube aproveitar as qualidades de representação e discurso do seu passado enquanto ator e aplicá-las na vida política. Na construção do seu discurso nota humor e sublinha que “discursos de 20 minutos monótonos chateia muito qualquer um, mas não os fazer também é difícil. Por isso, ter a qualidade para fazer discursos entusiasmantes e com humor é complicado”.

Mensagem aos portugueses

Para dar a volta à estagnação, à falta de responsabilidade e de exigência que vê no país, Bernardo Blanco deixa um pedido aos portugueses, no fundo, a mesma mensagem que referiu no 25 de abril: “que recuperem um bocadinho esse espírito de inconformismo (…) e que sejam mais exigentes”.

Artigo escrito por Joana Teles Ferreira, colaboradora do projeto Os 230