Entrevista a Isabel Santos
  • 08.05.2021
  • PS
  • S&D
  • 9º Legislatura

08.05.2021

9º Legislatura

S&D

PS

Isabel Santos

Isabel Santos nasceu, cresceu e ainda vive em Gondomar, numa família muito envolvida na política. “Discutir política à mesa era uma constante. Muitas vezes não se falava de outra coisa”, conta.

É licenciada em Relações e Cooperação Internacional, com uma pós-graduação em Sociologia. No ensino superior foi Presidente da Associação de Estudantes e representante dos alunos no Conselho Pedagógico, acabando por integrar a Juventude Socialista.

Confessa que passou por um período de “desencantamento” afastando-se das atividades partidárias, até ser convidada para integrar as listas do Partido Socialista à Assembleia da República nas eleições de 2005. Deputada em três legislaturas, desempenhou outras funções políticas como Vereadora na Câmara Municipal de Gondomar e Governadora Civil do Porto. Nas eleições de 2019 chegou ao Parlamento Europeu, integrando o Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas.

Das várias experiências profissionais, destaca o trabalho na OSCE – Organização para a Segurança e Cooperação – onde foi Vice-Presidente da Assembleia Parlamentar e Presidente do Comité sobre Democracia, Direitos Humanos e Questões Humanitárias.

“Quando integrei a delegação do parlamento português na assembleia parlamentar da OSCE, iniciei um percurso realmente voltado para o mundo, muito voltado para a Europa de Leste”. Considera que a experiência a capacitou imenso: “Esses anos foram de grande aprendizagem e que me motivaram muito para aquilo que estou a fazer agora”.

No Parlamento Europeu, é presidente da Delegação para as Relações com os Países do Maxereque e integra a Comissão dos Assuntos Externos, a Comissão das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos e a Subcomissão dos Direitos Humanos.

Missões de observação eleitoral: contributo para a democracia no mundo

“A União Europeia é não só uma comunidade com interesses económicos e geopolíticos, é também uma comunidade de valores. E há valores que são centrais como a defesa da democracia e dos direitos humanos.” Isabel Santos tem liderado e participado em várias missões de Observação Eleitoral que entende “serem fulcrais e que são um grande contributo para a democracia no mundo”.

Afirma que muitas vezes as missões de observação eleitoral são tidas como “uma ingerência ou um dedo apontado ao país” mas que na verdade muitas vezes são observadas tanto democracias mais débeis como democracias consolidadas: “Há sempre algo a melhorar nos processos eleitorais e a União Europeia dá um contributo muito forte” salienta. 

Ver o outro é ver um pouco de nós

Na sua intervenção política, Isabel Santos procura ver “o lado do outro, o ser humano que está à minha frente em muitas situações difíceis”. Lembra as visitas a detidos políticos, os contactos com organizações não governamentais, com defensores de direitos humanos, com vítimas de violações de direitos humanos. “Em todos eles eu vi o outro, vi um pouco de mim e vi seres humanos pelos quais é preciso lutar, os quais é preciso defender”, acrescenta.

A eurodeputada já participou em missões, por exemplo, a campos de refugiados, estando muito centrada no Mediterrâneo. Recorda as visitas que realizou a Lampedusa, onde se deparou com histórias cruas, vividas na pele de muitos migrantes e refugiados. Foi nesse contexto que conheceu uma das suas referências no Parlamento Europeu, Pietro Bartolo, agora eurodeputado e na época médico no campo de refugiados, o primeiro homem que a fez chorar com as histórias que contava.

“Uma magnífica construção política que não podemos desperdiçar”

Define a União Europeia como “uma grande janela” e “uma magnífica construção política que não podemos desperdiçar”. Considera que o projeto europeu garantiu décadas de liberdade, democracia, estabilidade, defesa dos direitos humanos, sem guerras.

“É algo de muito precioso: eu, que estou em contacto com realidades bem diversas desta, dou cada vez mais valor ao que é viver na União Europeia e talvez, por vezes, a desperdicemos. Porque é um bem que damos como adquirido: nada disto é adquirido, tudo é construído.”

Por fim, deixa aos portugueses uma mensagem de confiança e apela à participação nas próximas eleições europeias. “É importante escolher aqueles que se identificam com o projeto europeu e que defendem o projeto europeu”, salienta, porque os “outros” têm como grande objetivo, não só o fim da União Europeia, mas também da democracia, da estabilidade e da paz na Europa.

Artigo escrito por João Marques, colaborador do projeto Os 230

Nome Completo

Isabel Santos


Data de Nascimento

12/02/1968


Habilitações Literárias

  • Licenciatura em Relações e Cooperação Internacionais
  • Pós-graduação em Sociologia


Comissões Parlamentares

  • Delegação para as Relações com os Países do Maxereque
  • Conferência dos Presidentes das Delegações
  • Comissão dos Assuntos Externos
  • Comissão das Liberdades Cívicas da Justiça e dos Assuntos Internos
  • Subcomissão dos Direitos Humanos
  • Delegação à Assembleia Parlamentar Euro-Latino-Americana