Entrevista a Maria Antónia de Almeida Santos
  • 08.01.2022
  • PS
  • Setúbal
  • XIV Legislatura

08.01.2022

XIV Legislatura

Setúbal

PS

Maria Antónia Moreno Areias de Almeida Santos

Formada em Direito e filha do antigo Ministro e Presidente da Assembleia da República Almeida Santos, Maria Antónia Almeida Santos é deputada do Partido Socialista pelo círculo eleitoral de Setúbal e encontra-se também na Presidência da Comissão Parlamentar de Saúde.

Chegou a Portugal vinda de África, “de um clima e ambiente diferentes”, com 11 anos. Em África diz ter tido uma infância feliz e sem medos. Vivia num meio pequeno, onde havia um grande espírito de convívio e de camaradagem, o que lhe proporcionou grande liberdade. Diz que desde cedo se lembra de ouvir as conversas sobre política, a que assistia em casa, e que a partir de uma certa idade se começou, também ela, a interessar e a aperceber-se que podia ter parte ativa nessas conversas.  

Apesar de crescer a ver o seu apelido conectado historicamente à política portuguesa, a deputada nunca pertenceu à Juventude Socialista, tendo entrado diretamente para o PS já com 24 anos. Sem vocação na infância, acabou por seguir as pisadas dos seus pais, ambos advogados, e formou-se em Direito por se ter apercebido, a certa altura, que era um curso abrangente que lhe permitia enveredar por uma série de áreas. Entrou na Universidade Livre, mas, assim que pôde, pediu transferência para a Universidade Clássica, a faculdade da sua eleição.

Depois de ficar retida no terceiro ano da faculdade, tomou a decisão de começar a trabalhar, tendo feito o seu restante percurso académico como trabalhadora-estudante. Em retrospetiva, crê agora que ganhou mais maturidade e responsabilidade nessa época da sua vida, apesar de não ter tido uma frequência universitária muito regular. Revela ter ganho um espírito de sobrevivência que lhe permitiu aproveitar as oportunidades que foram surgindo e crê que o curso, em si, lhe deu bons alicerces para a vida.

Durante o seu percurso académico e profissional conheceu muitas personalidades da política portuguesa, entre as quais Maria Barroso e Mário Soares, tendo sido convidada para exercer as funções de consultora jurídica da Casa Civil do Presidente da República em 1986, quando Mário Soares se encontrava na Presidência. A deputada acaba por revelar, nesta entrevista, o gosto que teve em trabalhar diretamente com Maria Barroso e elogia o seu espírito empreendedor, sempre com muitos projetos e trabalhos gratificantes.

Mais tarde foi também convidada para exercer as funções de Presidente da Comissão para a Dissuasão da Toxicodependência de Lisboa, em que conseguiu fazer aprovar a utilização da canábis para fins terapêuticos. Neste sentido, diz que tanto BE como IL estão agora a propor a legalização da canábis também para fins recreativos, proposta a que diz ser favorável. Revela também que todo o processo se iniciou com um grande passo – o da descriminalização do consumo.

Em relação ao momento mais marcante pelo qual passou ao longo dos seus seis mandatos na Assembleia da República, a deputada não tem dúvidas que foi a questão da eutanásia, um processo que já vinha de há alguns anos atrás e ao qual esteve muito próxima. Revela também que, enquanto membro da Comissão Parlamentar de Saúde, pertenceu a um grupo de vários partidos que conseguiram criar algum consenso em relação a algumas matérias, entre as quais a referida questão da lei da eutanásia, mas também a da interrupção voluntária da gravidez e a da lei da pílula do dia seguinte.

No entanto, diz que estar na Presidência da Comissão Parlamentar de Saúde, neste momento, “é um pouco frustrante, porque enquanto deputados podemos sempre ter alguma ação no sentido de melhorar o cenário em que nos movemos e com esta pandemia estamos sempre numa fase em que precisamos de informação e não temos uma posição muito ativa, não podemos fazer muito”. Revela ainda a necessidade de estar sempre com atenção à informação da comunidade científica e diz que “houve uma fase de incerteza em que até a própria comunidade científica andava um bocadinho aos papéis”. A deputada diz também que trabalhou muito no sentido de estar sempre informada e que teve a sorte de assistir a quase todas as reuniões do Infarmed e, portanto, de ouvir a opinião dos peritos.

Em relação ao que ainda tem por fazer, a deputada não tem dúvidas e confessa que gostava de se dedicar às questões do desenvolvimento sustentável, através de trabalho voluntário em contacto com países em desenvolvimento. Revela ainda que o trabalho de Mandela é uma das grandes inspirações na sua vida.

Artigo escrito por Mónica Mota, colaboradora do projeto Os 230

Nome Completo

Maria Antónia Moreno Areias de Almeida Santos


Data de Nascimento

14/02/1962


Habilitações Literárias

  • Licenciatura em Direito


Profissão

Jurista


Comissões Parlamentares

  • Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas [Suplente]
  • Comissão de Saúde [Presidente]